terça-feira, 29 de março de 2011

Redes, um diálogo em construção: Redes e Ações Coletivas

Massa Crítica, por Marcelo Noah



Ilse Scherer-Warren (1999: 06) define rede como “uma articulação de diversas unidades que, através de certas ligações, trocam elementos entre si, fortalecendo-se reciprocamente, e que podem se multiplicar em novas unidades, as quais, por sua vez, fortalecem todo o conjunto, na medida em que são fortalecidas por ele”. A autora resgata a contribuição de Castells em torno das redes sociais estruturantes da sociedade contemporânea globalizada e suas características de intensividade, extensividade, diversidade, integralidade e realimentação.

Está aí embutida a idéia de que a rede poderá assumir um caráter propositivo, tendo em vista o seu efeito multiplicador e conseqüente mecanismo de difusão simbólica de novos valores e de empoderamento dos movimentos. Portanto, a rede desempenha, segundo esta ótica, um papel estratégico, enquanto elemento organizador, articulador, informativo e de empoderamento do movimento no seio da sociedade civil e para relação com outros poderes instituídos (Scherer-Warren, 2001: 09).

Scherer-Warren (1999: 21) destaca que o termo rede tem sido utilizado, atualmente, tanto pela ciência, como conceito teórico ou metodológico, quanto por atores sociais que passaram a empregar essa noção para se referirem a determinado tipo de relação ou prática social.

Por esse motivo, torna-se necessário identificar e analisar as abordagens e utilizações do termo. Metodologicamente, para a análise dos movimentos sociais, o conceito se mostra avançado, tendo em vista a polissemia da noção de rede. O que necessita ser exposto, sempre, quando da utilização do conceito, é o sentido que se dá ao mesmo. “Para investigar e pensar a complexidade da sociedade contemporânea” (Scherer-Warren, 2003: 31), as redes têm se mostrado agentes estruturais de suma importância.

As redes, nas relações sociais, existem desde sempre. Nas ciências sociais, desde a década de 1940, o termo é utilizado. Mas, com o advento da sociedade globalizada e da informação é que se cunhou às mesmas a importância devida e deu-se atenção especial às suas teorias e metodologias.
Neste sentido, Scherer-Warren (2003: 31-32) afirma:

Consideramos este último procedimento [redes como tipos relações e articulações] especialmente frutífero para o entendimento dos movimentos sociais e das ações coletivas. Na sociedade contemporânea, complexa, globalizada, informatizada, três dimensões são importantes para se pensar a perspectiva de redes inerentes à dinâmica dos movimentos sociais: da sociabilidade, da espacialidade e da temporalidade histórica.

Como redes sociais de sociabilidade, podem ser destacadas as que se referem ao “cotidiano”, construídas a partir das “redes primárias”, tais como família, amizades, grupos identitários locais, etc., e entrelaçadas [1] pelas “redes virtuais”, dos meios eletrônicos e da internet. Somadas, como parte do mesmo tecido social, estas redes “vão formando as novas identidades na era da informação”. Ainda de acordo com a autora, “para se entender um movimento social”, é necessário buscar na dupla-face das redes os “elos fracos” e “elos fortes”, que irão mostrar como os sujeitos “se relacionam” e como “atuam”. Leva-se em conta, com isso, também, os conflitos, as reconstruções e até mesmo as dissoluções de redes.

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